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A história humana é uma história de erros. Alguns estudiosos acreditam que o fato de cometermos erros é que nos torna humanos.
Os erros já tiveram péssima imagem.
Os antigos filósofos os viam como prova da imperfeição da humanidade. Sêneca, o pensador romano, achava que os erros eram causados, por exemplo, pela apatia e pelo comportamento do tipo “maria vai com as outras”. Entretanto, desde aquela época, cometer erros se tornou totalmente aceitável.
Hoje os estudiosos consideram o princípio da tentativa e erro não apenas perfeitamente normal como absolutamente necessário. Para entender melhor essa questão, Selecionamos 9 erros na história a fim de que você, leitor, tire suas próprias conclusões.
Foi essa a afirmação do cirurgião americano Ian MacDonald na década de 1950. Dizia‑se que a fumaça do cigarro era eficaz contra a doença de Parkinson, estimulava a capacidade intelectual e aumentava a eficiência no trabalho. A verdade é que o uso de nicotina é responsável por 5 milhões de mortes por ano no mundo inteiro, e 25% a 30% de todas as mortes por câncer são causadas pelo tabagismo.
2- Cheiro ruim provoca doenças
Hipócrates era o médico mais famoso do mundo antigo, mas isso não o impediu de ser fonte de várias concepções erradas. Ele acreditava que o mau cheiro da água parada e o ar fétido contido nela adoeciam quem o respirasse. Ele o chamava de miasma, e esse foi um conceito médico aceito até o século 19. O lado bom é que a teoria do miasma levou as autoridades a tentar drenar os pântanos e aprimorar o sistema de esgotos para se livrar do cheiro. O lado ruim é que essas mesmas ações provocaram novos contágios. Foi assim em 1832, durante a epidemia de cólera em Londres. Quando os primeiros pacientes morreram, as autoridades locais ordenaram que o lixo e a lama dos esgotos malcheirosos fossem jogados no Rio Tâmisa. Assim se livraram do fedor, mas milhares de pessoas ainda morreram, pois a água potável da cidade vinha do rio, contaminado a partir de então pela tentativa de erradicar o miasma. A cólera é causada por bactérias e não por cheiros, mas demorou muito para que isso fosse aceito.
3- As mulheres são inferiores
Platão, o filósofo grego, acreditava que as mulheres teriam sido homens libertinos em vidas anteriores e, como punição, haviam voltado ao mundo como mulheres. “Só os homens são feitos diretamente pelos deuses e têm alma. Os virtuosos voltam às estrelas, mas pode‑se corretamente supor que os covardes e os não virtuosos são transformados em mulheres na segunda encarnação.” A situação não melhora na Bíblia, que diz que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e nele soprou o seu espírito. A mulher, por sua vez, foi feita com uma das costelas do homem e também não recebeu alma. Portanto, as mulheres, consideradas inferiores, foram oprimidas, maltratadas e mortas durante milhares de anos. Há apenas 80 anos, as brasileiras não tinham direito de voto, e até hoje é difícil ou impossível para as mulheres participar de votações na Arábia Saudita, no Butão e no Brunei. Pelo menos já se provou cientificamente que a teoria de que as mulheres são inferiores é falsa.
4- O Alasca não vale nada
Em 1867, a Rússia vendeu aos Estados Unidos, por apenas 7,2 milhões de dólares, o vasto território do Alasca. Todos achavam que o Alasca não valia quase nada por causa do frio e de todas as geleiras. Um erro e tanto. Hoje esse estado americano rende num único dia mais que o valor por que foi vendido, só com a produção de petróleo.
5- O Sol gira em torno da Terra
Até o século 17, acreditava‑se que a Terra ficava no centro do Universo. Mesmo quando cientistas como Nicolau Copérnico, Johannes Kepler e Galileu Galilei provaram de forma bastante inequívoca que a Terra gira em torno do Sol, ninguém quis escutar, muito menos a Igreja Católica. Aos seus olhos, isso contradizia a História da Criação, e os inquisidores perseguiam quem pensasse o contrário.“O pressuposto de que o Sol está no centro e não gira em torno da Terra é tolo, absurdo, teologicamente insensato e herético”, disse a Inquisição a Galileu. Em 1600, o polímata Giordano Bruno foi queimado na fogueira, e suas obras ficaram, até 1966, no Índex – a lista de livros proibidos. Ele afirmara, corretamente, que o Universo é infinito no tempo e no espaço e composto de um número incontável de sistemas solares. Ao receber a pena, ele deu uma resposta famosa: “Vocês talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi‑la.”
6- Cocaína é remédio
Em 1887, o famoso Dr. Sigmund Freud considerava a cocaína um remédio para histeria, depressão, neurastenia, anemia e hipocondria. Ele mesmo a tomava, às vezes, como remédio para indigestão. Também tratava com cocaína os viciados em morfina, como o colega Dr. Ernst von Fleischl. Em dez dias, Freud afirmou que o vício em morfina de Fleischl fora curado. A notícia do sucesso contribuiu para o aumento do uso de cocaína em toda a Europa, o que destruiu muitas vidas. Von Fleischl morreu em 1891, e o vício em cocaína apressou sua morte.
7- A Terra é plana
O povo da Mesopotâmia – atual Iraque – acreditava que a Terra era um disco que flutuava no oceano primordial. Os seres humanos viviam sobre o disco, acima do qual ficava o arco do céu, onde residiam os deuses, e debaixo dele ficava o submundo. Durante milhares de anos, a crença de que a Terra era plana impediu o ser humano de se aventurar longe das águas costeiras para explorar o oceano. Eles temiam cair no submundo pela borda do disco ou, pior ainda, cair no vácuo. Entretanto, ainda na Antiguidade ficou claro que a Terra não podia ser plana. Pitágoras e Aristóteles declararam que ela era redonda. A partir de então, a teoria de que a Terra era plana ficou bastante desacreditada, até mesmo pela Igreja Católica. Assim, em 1492, quando navegou para oeste em busca do caminho marítimo para as Índias, Cristóvão Colombo não tinha o mínimo medo de cair no fim do mundo. Os primeiros globos terrestres começaram a aparecer naquela época. Mas neles não havia a América. Então, embora tivesse encontrado a América, Colombo passou a vida inteira acreditando que tinha navegado até as Índias, mas o engano só foi percebido depois de sua morte.
8- O comunismo torna o mundo melhor
Na verdade, o comunismo é uma ideia brilhante: todos são iguais, toda propriedade é compartilhada e todos se envolvem na tomada de decisões. Mas, na prática, isso nunca funcionou direito. Nos países comunistas, sempre houve quem quisesse ser mais igual que os outros. Na sua maioria, eram políticos que queriam ter os privilégios e o poder de decidir como deveria ser o verdadeiro comunismo. Quem se opusesse era preso, torturado ou morto. Entre 1937 e 1938, cerca de 700 mil pessoas foram mortas na União Soviética por serem “indignas de confiança” em termos políticos ou adversárias do regime, no chamado Grande Terror. O “expurgo stalinista” eliminou entre 12 milhões e 20 milhões de vidas. Na China, o “Grande Salto Adiante” de Mao, um programa ambicioso que visava a aumentar a produção agrícola, também foi um fracasso. Levou a um dos maiores períodos de fome da história humana, na qual morreram pelo menos 30 milhões de chineses. Também ficou claro que havia dois problemas insuperáveis no comunismo. Em primeiro lugar, quem vivia sob esse regime político não parecia ter muita motivação para cuidar corretamente da propriedade comunitária, e muitas instituições públicas, assim como campos e fábricas, se arruinaram. Em segundo lugar, a economia planejada não deu certo. Enquanto a economia de mercado reage rapidamente às exigências do consumidor, a produção sob o comunismo era fixada por políticos e burocratas com cinco anos de antecedência. Isso levava a uma longa espera por bens como carros e, ao mesmo tempo, a excesso de outras coisas que quase ninguém queria. No fim, o comunismo acabou desmoronando por causa de um erro fundamental:ninguém quer ser igual. Todos são diferentes por natureza e querem levar vidas diferentes.
9- A Invencível Armada espanhola
Em 1588, o rei Filipe II da Espanha achou que conseguiria derrubar a rainha da Inglaterra enviando para o norte navios e soldados em número suficiente. Foi um erro. Sua poderosa armada de 130 navios, com mais de 2.400 canhões e 26 mil homens a bordo, foi frustrada por ventos desfavoráveis e pelos navios ingleses, mais rápidos e mais manobráveis. Somente 60 belonaves conseguiram voltar à Espanha, e metade dos soldados pereceu. Isso marcou o começo da derrocada do poderio imperial espanhol.
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